Salivas de carnaval
das salivas de carnaval
ilícitas, ágrafas
insistimos
em localizar rotas, como se
houvesse qualquer norte em decupar goles
como se
(agora chove, esse desastre)
o estrago dos corpos já não profetizasse
que toda contramão é também cortejo
(cinzas)
para o encontro
Véspera
da clausura, onde as horas roem
as pegadas ainda nos sapatos
limpíssimos,
não estou, e abafo
com as coxas teus ouvidos – a saber:
desse ângulo
(nunca te disse) teu rosto parece
dois versos do Pasolini
Guilhotina
escavados em monólogo milimétricos abismos precipitam a cada sílaba; todo intervalo, uma sangria que não aconteceu que ainda não até que um dia, um trem
Ana Maria Vasconcelos (1988, Maceió/AL) é doutoranda em Teoria e História Literária (Unicamp). Em 2022 está lançando seu segundo livro, Eram brutos os barcos, pela editora Trajes Lunares.
Todos os poemas compõem o novo livro de Ana Maria; a obra está em pré-venda no site da editora alagoana. Compre aqui.